quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Intocável.

Eu estava ali. Porém, já não estava mais ali. Meu corpo, permanecia ao mesmo modo, desde a noite passada, e minha mente possuia um reflexo incessante de medo. Em uma busca por mim mesmo, tentei enxergar dentro de mim algo que fizesse sentido, mas não havia nada de lógico. Enquanto me derretia ao calor de meu proprio corpo banhado em sangue, minha alma vagava pela mais profunda escuridão. Já era tarde para acordar, até que alguem me despertou e eu voltei ao mesmo local do qual fugira desesperadamente. Então era isto, afinal? A morte nos tornara alvo de invisibilidade? Eu fora invisivel durante toda minha vida, ninguem percebera ou notara minha presença onde quer que eu fosse, sempre era sinônimo de uma percepção nada normal por parte das outras pessoas. Eu não era atraente, não era atleta, e desde que June se foi, nunca mais possui aquele sorriso belo do qual eu só o exibia ao fervor de seu toque, ou ao perfume de sua pele. Eu não desejaria a morte e a eternidade sem ela. E meu desejo agora, era encontrar seus olhos perdidos em meio ao horizonte, ou sentir a luz tocando em minha face e penetrar meu corpo o preenchendo com paz. Era só o que eu queria. Mas não foi o que houve. Permaneci ali, intacto, enquanto pessoas choravam pela minha perda. Como dizem os poetas, se chega ao mundo sozinho e se sai dele da mesma forma. Solidão. Dor. Frio. Vazio. Era isto que eu sentia por não te-la mais perto de mim. Em uma nuvem que acobertava sinais de que eu ainda estava presente, vaguei por anos, em solo negro, tentando encontrar um rumo, qualquer sinal que me levasse até ela, mas tudo que encontrei ao longo de meu caminho foram mais pessoas desencorajadas pela tortura dos próprios medos. Apagado de meu mundo, mas não esquecido, eu vivi aqui, por outra vida, tentando buscar apenas, mesmo que fosse a ultima, o conforto de seus braços, esperando te encontrar destraida, como da primeira vez. Para alcaçar meu rumo, eu só esperava te-la, mas sufocado dentre meus gritos, eu só conseguia me sentir assim; invisível e intocável.

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